Nos
encontramos logo no primeiro dia de sua volta, junto de alguns amigos dele. De
alguma forma e sem saber porque esperava muito por esse momento. Nos vimos
todos os dias, mesmo que por pouco tempo. Foram dias de risos fáceis, de
gargalhadas, de danças, de musicas, conversas e mais conversas das mais
engraçadas até as mais sérias possíveis. Dias que há muito tempo não vivia, com
sinceridade e alegria. No seu ultimo dia antes de retornar ao aeroporto, eu já
sentindo falta daqueles dias, simples e especiais, ele passou na minha casa
para se despedir de mim. Segundo ele, ele precisava disso. E essa despedida foi
com um abraço apertado, longo, acolhedor, aquele abraço de que toda mulher
gosta e sonha. E em seguida nos olhamos nos olhos fixamente por um longo tempo,
e com certeza, nos agradecemos um ao outro por aqueles dias tão bem vividos e
tão intensamente. E em um gesto de impulso os olhares grudados não bastavam
mais, e nos beijamos de forma serena, tranquila, mas sincera. Não foi um beijo
apaixonado, mas foi um beijo que acabou traduzindo tudo o que vivemos naqueles
dias, e que de certa forma tudo estava acabando ali. Não dissemos mais nem uma
palavra, não era preciso. Tudo estava dito, tudo estava certo, tudo estava
registrado em nossos olhos, em nossos pensamentos e principalmente na nossa
memória, nos nossos corações, mesmo sem nada dizer.
Revivi todos
aqueles momentos vividos por horas e horas, deitada em minha cama, olhando pro
teto sem conseguir dormir ou pensar em outra coisa. No fundo tentava entender
tudo o que tinha acontecido, meu cérebro e meu coração, não estavam conseguindo
assimilar os risos, as palavras, o bem estar daqueles momentos, com o beijo e
agora a distancia que nos separava. Única conclusão que cheguei foi que tinha
que guardar tudo aquilo como um tesouro dentro de mim, e seguir meus dias e
minhas noites, mesmo que em claro, alimentando a esperança de que bons momentos
ainda são possíveis de acontecer em nossas vidas, mas que talvez com ele não
seria possível, não por agora.
Foi quando
recebi sua mensagem dizendo que pra ele seu mundo parou no momento de nossos
olhares grudados, do nosso beijo, do nosso “Obrigado”. E daí em diante meus
dias foram desejar viver mais uma vez aqueles momentos de risos, musica,
conversas, bem estar. De alguma forma, meu mundo acabou por parar naquela
mensagem, pois poderia não ser naquela hora, mas porque não poderia ser ele?
Nos falávamos
vez ou outra, quando dava. Mensagens simples, mas sempre demonstrando um ao
outro o quanto queríamos viver aqueles dias novamente, dentro de sua
simplicidade mas com sua riqueza própria inexplicável. A correria do nosso dia
a dia, nos impedia o contato, mas não de lembrar a cada minuto a possibilidade
que a vida colocara diante de nós.
O tempo
demorou, mas passou. E ele voltou!
Não
revivemos os dias como aqueles que tínhamos vivido em sua ultima visita. Não!
Definitivamente não vivemos! Vivemos muito mais que isso! Em seu retorno
fizemos o nosso mundo que já não girava mais desde aquele beijo, girar
novamente. O mundo era só eu e ele, e mais ninguém. Alias, era eu, ele e a
nossa vontade de estarmos juntos novamente, com risos, gargalhadas, dança,
musica, conversas, tudo aquilo que vivemos, mas só eu e ele, e com isso aqueles
dias que tanto revivemos em nossas lembranças se tornaram pequenos, e a nossa
vontade se tornou realidade.
Infelizmente
ele se foi novamente, mas comigo ficou um sentimento lindo, aquele que eu
pensei que já não existia mais. Sentimento que surgiu sem expectativa, sem
modelos, sem padrões. Surgiu por empatia, por pureza, por valorizar a beleza
escondida, e a ele chamei de amor.
Os dias se
passaram lentamente, os meses pareciam não ter fim. Torcia pra que de alguma
forma aqueles meses passassem um pouco mais rápido do que o normal, mas
continuavam a se arrastar.
E depois de
tanta ansiedade, de tanta espera, finalmente ele está de volta, estou em seus
braços novamente e volto a respirar com mais facilidade. E olhando em seus
olhos, consigo ver o mesmo sentimento, o mesmo alívio, nosso mundo voltando a
girar novamente. E no beijo, matamos nossa sede, sede de amar, sede de nos
sentir, sede de nós, sede da felicidade, sede de reviver, viver e reinventar
nossos momentos de risos, gargalhadas, dança, musica, conversas. Ah...tudo isso
que quando estamos juntos não tem fim, não tem explicação, e queremos sempre
mais e mais e mais.
Injustamente
as horas voam, os dias disparam a se passar e com isso ele se vai novamente, e
comigo fica o sentimento maior ainda do que se pode chamar de amor, e a
saudade, a saudade a atormentar. Saudade do beijo, do cheiro, do olhar, do
abraço, dos risos, gargalhadas, danças, musicas e conversas. Saudade dele,
saudade do bem estar, saudade de ser feliz.
As horas se
arrastam, a saudade pesa em cada quilometro que nos separa, e não são poucos. Os
meses parecem ter virado anos, a saudade nos consome, mas fortalece cada vez
mais esse sentimento que chamamos de amor, por não achar um nome mais forte ao
que sentimos.
Falta pouco
para sua chegada, e dessa vez sua chegada será definitiva. Meu coração dispara
só de saber que ele chegará pela ultima vez, e ficará ao meu lado, sem partida,
sem saudade, somente a realidade. Não sonharemos mais com o momento de estarmos
juntos novamente, e sim viveremos a realidade de nosso amor, de risos,
gargalhadas, danças, músicas, conversas e sem despedidas, todos os dias.
E ele chega! E
traz em seus olhos a alegria do nosso reencontro, de nosso amor real, de sua
ultima chegada, da certeza que nosso mundo ficará a girar e não mais vai parar
em nossas despedidas.
Agora a
vontade de quero mais, o amor, o amor maior, a saudade atormentadora, se transformam em certeza, a certeza de um
sentimento de paz, de união, de encontro de almas e não apenas de dois corpos.
Os risos, as gargalhadas, as danças, as musicas e as conversas se tornam parte
de nosso dia a dia. Sempre antes de dormir nos olhamos nos olhos como a
primeira vez, onde não precisamos de palavras, gestos, mímicas, nada! Somente
dos nossos olhos um no outro, e nada mais. Vemos um no outro o sentimento que
chamam de amor, mas que pra nós ainda buscamos outro nome, pois é mais que
isso. Um amor inexplicável e imensurável é o que mais se aproxima do que
sentimos. Sentimento esse, que foi construído de forma pura, sem padrões, sem
interesses, apenas por ser quem é um para o outro, amigos, fieis, sinceros,
unidos pela nossa transparência quando estamos juntos, por quem somos e não
pelo que aparentamos ser, por nossa essência, sem pudor, sem mascaras, enfim,
ligados pelas nossas almas.
Em uma de
nossas danças, com nossa musica preferida ao fundo, em meio a gargalhadas e
risos, conversamos a respeito do tempo, do tempo que foi necessário para que
nos olhássemos da forma que nos olhamos, e nos perguntamos: “Será que esse
tempo todo nos conhecendo, mas distantes pelas circunstancias da vida, foi um
tempo que perdemos de sermos tão felizes como somos hoje?”. E concluímos que
não. Esse tempo foi providencial, para termos maturidade e sabedoria para saber
ler esse olhar que nos acompanha até hoje, e que esse olhar precisava dos
risos, das gargalhadas, das danças, musicas e conversas em nossas memórias, em
nossa saudade, para hoje podermos dar valor e viver cada um dos dias que
vivemos um ao lado do outro como se fosse único, e mais especial que o dia
anterior.
Hoje
comemoramos cada dia que amanhecemos ao lado um do outro. E trazemos dentro de
nós a certeza da duvida que atormentava nossas cabeças, a certeza de que todo
mundo merece e será feliz um dia, a certeza de que por mais que não pareça o
amor ainda existe entre duas pessoas e o melhor, ele pode acontecer pra você
quando você menos esperar e com que você menos espera!